sexta-feira, 4 de maio de 2012

UniRio: segundo alunos, há outros cursos sob investigação

Por Michelle Bento - michelle.bento@folhadirigida.com.br

Em uma carta aberta à comunidade, sobre o problema das matrículas irregulares nos cursos de Nutrição e Medicina, estudantes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) afirmam que há outros dois cursos sob investigação: os de Direito e de Administração Pública.

No texto (veja íntegra ao lado), o Conselho de Entidades de Base e DCE da UniRio, acompanhados pela Associação de Servidores da UniRio, pela Associação de Docentes e por Centros Acadêmicos, pede o aprofundamento nas investigações e a realização de uma audiência pública pela reitoria. “Apelamos que a comunidade acadêmica se mobilize para que este caso não termine sem punição,”

No texto, fica claro que as denúncias de irregularidades no preenchimento das vagas nos cursos de Medicina e Nutrição estão provocando insegurança entre os estudantes. Enquanto as investigações estão sendo feitas a cargo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a ansiedade toma conta dos universitários, que temem que a imagem da instituição seja abalada.

Uma das críticas mais fortes em relação às falhas no acesso, feita pelos alunos, é em relação ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ferramenta do governo utilizada para fazer a seleção dos calouros.

“Em 2010 o governo Lula apresentou o Enem e o Sistema de Seleção Unificada como a nova forma de acesso dos estudantes ao ensino superior, com uma prova nacional, anunciando o fim dos vestibulares tradicionais. Sua implementação se baseou na democratização da educação superior e facilitação do acesso nas universidades públicas. Entretanto, o que se viu foram cortes de verbas, nos anos de 2011 e 2012 (R$7 bilhões), pelo governo Dilma e o veto ao financiamento da educação com 10% do PIB”, diz o documento.

Para as entidades estudantis, deveria haver um trabalho mais focado em localizar as irregularidades neste ingresso e no cumprimento das responsabilidades da administração da universidade, não somente na punição dos estudantes envolvidos na fraude. “O MPF e PF estão investigando os alunos suspeitos de compra de vagas, mas infelizmente a corda não pode arrebentar para o lado mais fraco. É por isso que exigimos também investigação e punição das autoridades envolvidas no caso”.

A estudante Bárbara Sinedino, membro do movimento estudantil “Coletivo vamos a Luta”, que faz oposição ao DCE, afirmou que a suspeita da fraude e até mesmo do esquema de compra de vagas é antiga. “Alguns estudantes de Medicina já tinham nos procurado. No início do ano houve uma reunião com os Conselhos Acadêmicos e os estudantes levantaram essa questão novamente, mas a repercussão só surgiu depois que foi para a mídia. Desde então, a investigação tem sido em cima dos alunos suspeitos de terem comprado a vaga, mas esquecem de investigar o próprio sistema”, critica a aluna, que também faz parte do Centro Acadêmico de Teatro.

Para a estudante, o Enem contribui para fragilizar o sistema de ocupação de vagas dentro da universidade, já que pela sua dinâmica, muitos vestibulandos acabam mudando de opção conforme ocorrem as chamadas ou então, estudantes de outros estados acabam não assumindo as vagas por falta de condições de fazerem a mudança, o que gera vagas ociosas.

“Todos os anos o Enem tem algum problema e isso dá espaço para que haja fraude. Outro problema é que não existe uma lista direta de convocados e de candidatos em espera, então não há como ter um controle. O MEC deveria fiscalizar melhor isso, para que todos os estudantes sejam efetivamente convocados”, ressalta.

As reivindicações do movimento estudantil e do DCE são bem semelhantes, principalmente no que diz respeito à forma como a comunidade estudantil esperava que a reitoria agisse. “Se acontece uma fraude dentro da universidade, isso é de responsabilidade da reitoria. Ela precisa tomar ciência do que está acontecendo e proteger os cursos que estão sobre a mira dos holofotes, principalmente os estudantes dos cursos de Medicina em geral, que depois do ocorrido têm sofrido muito  preconceito. As informações que temos tido vêm da mídia. A universidade não se pronunciou em nenhum momento. Nos falta espaço para esse tipo de diálogo”, reclama Bárbara.

Fonte: http://www.folhadirigida.com.br/fd/Satellite/educacao/noticiario/UniRio-segundo-alunos-ha-outros-cursos-sob-investigacao-2000009424174

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